JORNAL POESIA LITERATURA 

Manhã na Garganta: Reflexões sobre a poesia Eudesiana

 

O escritor baiano Luiz Eudes apresenta seu mais novo livro, “Manhã na Garganta”, seguindo os passos de um Mário Quintana (1906-1994) desenfreado em versos, escrevendo na perspectiva de Manoel de Barros (1906-2014), com sua visão poética que abraça o inusitado e alcança o status literário universal.

Luiz Eudes é um poeta seguindo os preceitos do Modernismo Brasileiro de Oswald de Andrade (1890-1954), Cassiano Ricardo (1895-1974) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). O autor brinca com figuras de linguagem como metáfora, metonímia, comparação, sinestesias e personificação, com uma liberdade literária impressionante. Suas poesias são como um diário poético do cotidiano, que abarca a infância, juventude, vida adulta, velhice, morte, além do local, do reino vegetal e animal.

Há uma grande nostalgia em sua escrita, alcançada através de um extraordinário domínio de uma das funções da linguagem, a conotativa. São sentimentos nostálgicos embalados pelas lembranças distantes, dadas pela contemplação de recordações.

Em seus escritos, presentes neste livro ricamente ilustrado pelo artista plástico Juarez Anunciação, em esplêndidos nanquins em preto e branco, percebemos sentimentos como solidão, amor, desejo… Uma poesia marcadamente descritiva, marcada por uma narrativa em que passado, presente e memórias se entrelaçam em um emaranhado emocional complexo. Eudes nos apresenta poesias que exploram as buscas vãs pela compreensão do universo feminino, revelando que o amor no coração do homem é um mistério revelado.

Luiz Eudes age como se estivesse em uma escrita automática surrealista, onde fragmentos de sentimentos se justapõem em uma totalidade desafiadora. A visão do escritor transmuta tudo em poesia, através de pensamentos volúveis e mutantes. Ele descreve os cenários pitorescos, o tempo que passa, a vida, a morte, a recordação. O passar do tempo é sentido como uma brincadeira de criança.

O escritor Luiz Eudes, natural de Sátiro Dias e radicado em Alagoinhas, na Bahia, é capaz de dotar as coisas do seu olhar, viver, ver e imaginar de alma, através do viés poético imerso em densa beleza silenciosa.

Ed Carlos Alves de Santana; Artista Plástico e Mestre em Artes Visuais pela EBA -UFBA

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